Mercado ilegal ainda movimenta metade do dinheiro das apostas no Brasil, alerta presidente da ABFS
Falta de equilíbrio regulatório e burocracia são barreiras que impedem crescimento saudável do setor, segundo especialistas
Mesmo com o avanço das regulamentações, o mercado ilegal de apostas ainda domina boa parte das movimentações financeiras no Brasil. De acordo com Pedro Trengrouse, presidente da Associação Brasileira de Fantasy Sports (ABFS), metade do dinheiro apostado no país ainda circula por canais clandestinos, sem controle do Estado e sem retorno em forma de arrecadação.
A afirmação foi feita durante um evento que reuniu especialistas do setor de jogos, apostas e fantasy sports. Trengrouse destacou que o modelo regulatório adotado até aqui não tem conseguido atrair operadores para a legalidade. Pelo contrário: a complexidade das normas, os altos custos de entrada e a falta de clareza em algumas exigências estariam incentivando a informalidade.
“Se a regulação não for acessível, proporcional e realista, ela acaba alimentando o que deveria combater”, alertou o presidente da ABFS. Ele também ressaltou que o Brasil corre o risco de perder uma oportunidade histórica de transformar o iGaming em um setor de impacto econômico e social positivo.
Atualmente, para operar legalmente no país, uma empresa precisa pagar R$ 30 milhões em outorga, estabelecer sede no território nacional, manter capital mínimo exigido e atender a uma série de requisitos técnicos. Embora essas medidas busquem garantir um mercado seguro e responsável, muitas pequenas e médias empresas consideram o custo de entrada proibitivo.
Com isso, o mercado paralelo segue forte. Plataformas não autorizadas, muitas sediadas no exterior, continuam atraindo apostadores brasileiros por meio de marketing agressivo e vantagens operacionais — como menores tributações, ausência de exigências burocráticas e facilidade de acesso.
Além das perdas bilionárias em arrecadação, a presença dominante do mercado ilegal representa riscos à integridade das apostas, ao direito dos consumidores e à própria reputação do setor. Para especialistas, é urgente que o país encontre um ponto de equilíbrio entre rigidez regulatória e estímulo ao ingresso formal de novos players.
A legalização por si só não basta. É preciso tornar o caminho legal viável, competitivo e atrativo, concluiu Trengrouse.
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