Jogo responsável em pauta: o que o Brasil pode aprender com a experiência do Reino Unido
Iniciativas britânicas mostram que regulação eficaz e foco no bem-estar do jogador podem caminhar juntos no setor de apostas
Com o avanço da regulamentação das apostas no Brasil, cresce também o debate sobre jogo responsável e o Reino Unido surge como um dos principais modelos de referência. Por lá, o tema é tratado como prioridade nacional, com políticas públicas, autorregulação da indústria e ações educativas voltadas à proteção dos jogadores.
No centro desse ecossistema está a Gambling Commission, órgão regulador britânico que atua com rigor para garantir que o setor funcione de forma justa, segura e transparente. Entre as medidas adotadas, destacam-se a exigência de verificação de identidade e idade, limites de depósitos personalizados e ferramentas de autoexclusão para usuários que desejam pausar ou encerrar sua atividade em plataformas de apostas.
Outro ponto forte é o investimento em campanhas de conscientização, como a “Bet Regret” e outras iniciativas lideradas pela GambleAware, organização independente financiada pela indústria, que oferece suporte gratuito a pessoas com problemas relacionados ao jogo.
Para especialistas, o Reino Unido demonstra que não basta regulamentar o mercado é preciso educar o consumidor e responsabilizar os operadores. Nesse modelo, as casas de apostas não apenas cumprem regras técnicas, mas também colaboram ativamente para reduzir riscos, identificar padrões de comportamento compulsivo e intervir quando necessário.
No Brasil, a discussão sobre jogo responsável ainda está em fase inicial, mas já integra a agenda da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA/MF). As primeiras portarias publicadas em 2024 e 2025 já exigem que operadores adotem medidas de proteção ao consumidor, como aviso sobre riscos, canais de denúncia e suporte emocional.
No entanto, o desafio vai além do papel. É preciso criar sistemas de monitoramento contínuo, campanhas públicas e parcerias com profissionais da saúde mental, a fim de evitar que o crescimento do mercado venha acompanhado de impactos sociais negativos.
O Brasil tem a chance de aprender com quem já percorreu esse caminho. O modelo britânico prova que é possível lucrar com o setor de apostas sem abrir mão da responsabilidade. E agora, cabe ao país decidir: vamos apenas legalizar o jogo ou também garantir que ele seja seguro para todos?
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