Ministério do Esporte promove encontro nacional para fortalecer combate à manipulação de resultados no Brasil
Evento reuniu forças policiais, entidades esportivas e empresas de integridade para criar rede nacional de investigação e prevenção de fraudes esportivas.
Por três dias, o Ministério do Esporte, em Brasília, foi palco do Encontro Técnico Nacional sobre Combate à Manipulação de Resultados Esportivos, que reuniu delegados das polícias Civil e Federal de todos os estados, além de representantes de empresas de integridade e entidades esportivas. O objetivo foi capacitar autoridades e criar uma rede de compartilhamento de informações para enfrentar um dos crimes mais complexos e crescentes no cenário esportivo brasileiro.
O encontro faz parte da estruturação da Política Nacional de Combate à Manipulação de Resultados, coordenada pelo Secretário Nacional de Apostas Esportivas, Giovanni Rocco Neto, e desenvolvida por um grupo de trabalho interministerial que envolve os Ministérios do Esporte, Fazenda e Justiça, com apoio da Polícia Federal.
“A manipulação de resultados é um crime muito complexo. Precisamos unir competências distintas dentro do governo para construir uma política sólida, baseada em inteligência, integração e capacitação”, explicou Rocco.
Capacitação e integração nacional
Durante o evento, as discussões focaram em estruturar fluxos de comunicação entre as polícias estaduais, criar protocolos padronizados de investigação e aprimorar a cooperação entre órgãos públicos e entidades esportivas.
A falta de regulamentação do mercado de apostas nos últimos anos permitiu a proliferação de centenas de casas ilegais, dificultando o rastreamento de fraudes e abrindo espaço para atuações de organizações criminosas, segundo Rocco.
“Hoje, muitas quadrilhas migram entre estados durante janelas de campeonatos regionais, infiltrando-se em clubes, comissões técnicas e jogadores. É uma atuação organizada que exige resposta integrada”, destacou.
As casas de apostas legalizadas serão obrigadas a notificar o governo em até 48 horas quando houver indícios de manipulação, comunicando diretamente à Secretaria de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda.
Foco em prevenção e educação
O grupo também pretende avançar na educação de atletas e dirigentes esportivos, com ênfase em integridade e responsabilidade. A proposta inclui a criação de uma plataforma educacional e de um selo de integridade que poderá ser exibido por clubes comprometidos com práticas éticas.
“Queremos educar para não precisar punir, e punir de forma pedagógica quando necessário. O sentimento de impunidade é algo que precisamos combater”, afirmou o secretário.
A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) participaram do encontro, reforçando o compromisso do setor esportivo com o combate à manipulação.
Crime global e cooperação internacional
O Brasil já identificou indícios de atuação de grupos internacionais em casos de manipulação, com operações envolvendo brasileiros no exterior e estrangeiros atuando em território nacional.
“É comum que um jogo na Colômbia seja manipulado no Brasil, ou o contrário. Por isso, é fundamental essa integração entre estados e países”, explicou Rocco.
O governo brasileiro também confirmou que o país foi convidado para participar, como ouvinte, da primeira reunião da rede europeia de monitoramento de manipulação esportiva, a ser realizada em dezembro, na França.
Próximos passos
O grupo interministerial tem 180 dias para apresentar a Política Nacional de Combate à Manipulação de Resultados, que deverá incluir medidas preventivas, ações conjuntas de inteligência e protocolos de cooperação com o setor privado e entidades internacionais.
Com o fortalecimento da rede de integridade esportiva, o Brasil busca transformar o combate à manipulação de resultados em uma política de Estado protegendo não apenas o esporte, mas também a confiança do torcedor e a credibilidade das apostas regulamentadas.
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