Brasil ganha destaque na G2E 2025 com avanços na regulamentação e combate ao jogo ilegal
Durante painel em Las Vegas, representantes do governo e do setor privado destacam crescimento acelerado do mercado regulado, endurecimento das regras financeiras e ações de conscientização para o jogo responsável.
Las Vegas — A 25ª edição da Global Gaming Expo (G2E) teve início nesta segunda-feira, no Sands Expo do Venetian Resort, reunindo até 9 de outubro operadores, fornecedores e autoridades do setor de jogos de todo o mundo. Um dos destaques do primeiro dia foi o painel “Lançamento do mercado brasileiro: insights e dados importantes”, que apresentou o cenário atual e as perspectivas do mercado regulado de apostas esportivas e iGaming no Brasil.
O debate contou com Fábio Augusto Macorin, subsecretário de Monitoramento e Fiscalização da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA) do Ministério da Fazenda; Leonardo Baptista, CEO da Pay4Fun; e André Santa Rita, sócio do Pinheiro Neto Advogados, com moderação de Lindsay Slader, da GeoComply Solutions.
Desde janeiro de 2023, o Brasil passou a exigir licenciamento federal para operadores de apostas, estabelecendo normas rígidas de prevenção à lavagem de dinheiro e de jogo responsável. Segundo Macorin, o país já conta com 78 operadores licenciados e um robusto conjunto de portarias que cobrem toda a cadeia operacional, desde métodos de pagamento até requisitos técnicos e de segurança.
Dados apresentados indicam que, apenas no primeiro semestre de 2025, o setor movimentou US$ 3,5 bilhões em receita bruta de jogo (GGR), sem incluir operações ilegais. A GeoComply registrou 3 bilhões de transações e 15 milhões de usuários ativos em sua plataforma de compliance. Mesmo assim, cerca de metade dos apostadores brasileiros ainda acessa sites não regulamentados, apontando um potencial de expansão para mais de US$ 10 bilhões anuais em GGR.
Um dos grandes desafios mencionados foi o combate aos sites offshore, que operam sem licença e oferecem condições mais atraentes. O Banco Central intensificou medidas contra essas plataformas, com novas regras para instituições de pagamento e o uso do PIX, principal meio de transação no país.
“Com a proibição do banking-as-a-service indireto para o PIX, criamos barreiras eficazes ao financiamento de plataformas não autorizadas”, explicou Leonardo Baptista, da Pay4Fun.
Desde fevereiro de 2025, processadores de pagamento passaram a ser responsabilizados por transações com operadores ilegais, o que aumentou a taxa de canalização — migração de apostadores para o mercado licenciado — de 5% para níveis que podem atingir 80% até o fim de 2026.
Atualmente, o PIX responde por cerca de 90% das operações financeiras no setor. Uma portaria recente também responsabiliza bancos e fintechs que mantêm vínculos com sites não regulamentados, e o Banco Central suspendeu novas autorizações de empresas que utilizam o sistema para apostas até março de 2025.
Os participantes destacaram ainda a importância de campanhas educativas e de conscientização sobre os riscos de apostas em plataformas ilegais.
“O apostador precisa entender que, em sites não regulamentados, não há a quem recorrer em caso de fraude ou perda. Ele pode perder tudo sem proteção jurídica”, alertou André Santa Rita.
Iniciativas em parceria com Google, Meta, Apple e operadoras de telecomunicações estão sendo desenvolvidas para ampliar o alcance da mensagem sobre jogo responsável e segurança digital.
Os especialistas defenderam também que o licenciamento seja estendido a toda a cadeia de fornecedores — incluindo desenvolvedores, afiliados e influenciadores —, garantindo que todos atuem de forma transparente e colaborativa com os reguladores.
Encerrando o painel, Fábio Macorin antecipou que novas regras de jogo responsável e monitoramento comportamental de apostas devem ser publicadas em 2026.
“Com tecnologia de KYC, geolocalização e inteligência de dados, o Brasil está no caminho para se tornar uma das jurisdições mais promissoras do iGaming global”, afirmou.
Promovida pela American Gaming Association (AGA) e organizada pela RX, a G2E celebra seu 25º aniversário como o principal evento mundial do setor. O encontro discute inovação, sustentabilidade, compliance e tendências tecnológicas, reunindo a indústria global no Venetian Resort, em Las Vegas, de 6 a 9 de outubro.
A AGA representa um setor de US$ 329 bilhões, responsável por 1,8 milhão de empregos nos Estados Unidos, e defende o fortalecimento de mercados legais, seguros e regulamentados.
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