IBJR rebate bancos e acusa setor financeiro de hipocrisia sobre endividamento
Instituto de Jogo Responsável afirma que o verdadeiro vilão das dívidas das famílias é o cartão de crédito, e não as apostas esportivas
O Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) divulgou nesta segunda-feira (20) uma nota oficial rebatendo as recentes declarações do setor bancário, que atribuiu parte do superendividamento da população brasileira às empresas de apostas. A entidade classificou as críticas como “ato de profunda hipocrisia” e apontou contradições nas falas das instituições financeiras.
Segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Confederação Nacional do Comércio, cerca de 80% das famílias brasileiras estão endividadas. O IBJR destacou que a principal fonte dessas dívidas não está nas apostas, mas sim no cartão de crédito — modalidade que não é aceita nas plataformas de apostas regulamentadas no país.
O Instituto ressaltou que o sistema de crédito é amplamente promovido pelos bancos, com taxas de juros que chegaram a 451,5% ao ano em agosto de 2025. Para o IBJR, essa realidade demonstra que o verdadeiro problema financeiro das famílias brasileiras está ligado às práticas do próprio setor bancário.
Durante discussões sobre a Medida Provisória alternativa ao aumento do IOF, representantes dos bancos teriam admitido que sua “única preocupação” dizia respeito à taxação das letras de crédito rural e imobiliário (LCA e LCI) — produtos de investimento oferecidos pelas próprias instituições financeiras.
“O setor tenta desviar o foco de seus privilégios estruturais e de sua responsabilidade inegável no cenário de endividamento do país”, afirma o texto.
Desde o início da regulamentação das apostas esportivas no Brasil, o IBJR diz atuar pela construção de um mercado transparente, fiscalizado e legalmente responsável. A entidade reforçou seu compromisso com regras claras, operadores regulares e a proteção do consumidor, para garantir um ambiente livre de irregularidades e de vínculos ilícitos.
“Defendemos o diálogo construtivo para o desenvolvimento de um mercado regulado, seguro e responsável, que contribua para o crescimento econômico e para a proteção dos consumidores brasileiros”, conclui a nota.
O posicionamento marca mais um capítulo na disputa pública entre o setor financeiro e as empresas de apostas, que vêm ganhando espaço e regulamentação no país — agora, com um discurso cada vez mais voltado à responsabilidade e transparência no mercado de jogos.



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