Mega-Sena também alimenta sonhos de imigrantes que vivem no Brasil
Quem nunca ouviu falar da Mega-Sena? As histórias de prêmios milionários e apostas acumuladas fazem parte do imaginário popular brasileiro. A cada edição da Mega da Virada, até os mais incrédulos se rendem à esperança de mudar de vida da noite para o dia. Esse fascínio não se limita aos brasileiros: estrangeiros que vivem no país também adotam o costume e sonham em acertar as seis dezenas.
Entre eles está Raphael Pizarro. Angolano, de 28 anos, ele vive no Brasil desde 2016 e se tornou um apostador fiel das Loterias CAIXA. Segundo ele, jogar na Mega da Virada virou tradição desde que chegou ao país. A expectativa de se tornar milionário, ainda que improvável, é o combustível que o faz repetir a aposta todos os anos.
A ligação de Raphael com o Brasil começou ainda antes de sua chegada definitiva. Na década de 1990, sua mãe, Ana Cristina, veio estudar na Universidade de Brasília durante o período de guerra civil em Angola. Anos depois, já de volta ao país de origem, ela acabou inspirando o filho a seguir o mesmo caminho. Assim que concluiu o ensino médio, Raphael decidiu tentar uma vida melhor em solo brasileiro.
As oportunidades apareceram. Hoje, ele é formado em Direito e atua como advogado. Além do incentivo aos estudos, a mãe também apresentou ao filho a tradição de apostar na Mega-Sena, hábito que ela mesma tinha quando morou no Brasil. Curiosamente, o concurso tem a mesma idade de Raphael: o primeiro sorteio da Mega-Sena ocorreu em 11 de março de 1996.
Raphael conta que sempre ouviu da mãe que, para ganhar, era preciso jogar. Desde então, a aposta anual virou quase um ritual. Ao comparar com a realidade angolana, ele lembra que existiam jogos como Totoloto, Totobola e as raspadinhas, mas sem vínculo com instituições financeiras públicas, como ocorre no Brasil. O Totobola, inclusive, tinha sorteios transmitidos à noite pela televisão, em formato semelhante ao da Mega-Sena.
O advogado também recorda um episódio curioso envolvendo um bolão feito com colegas quando estagiava no Tribunal de Justiça do Distrito Federal. Ele chegou a sonhar repetidas vezes que havia ganhado o prêmio, mas, no dia do sorteio, a vitória não veio. Mesmo assim, o entusiasmo não diminuiu. Hoje, Raphael prefere apostar sozinho e utiliza o aplicativo das Loterias CAIXA, aproveitando a praticidade das apostas digitais.
Caso a sorte finalmente sorria, ele já sabe o que faria com o prêmio da Mega da Virada. O principal sonho é conquistar a casa própria, passo que considera essencial para formar uma família. Além disso, ele deseja ajudar os familiares que ficaram em Angola, especialmente a mãe, que ainda trabalha. O plano inclui aposentá-la e criar condições para trazer parentes ao Brasil, permitindo que todos estejam mais próximos.
Assim como Raphael, outros estrangeiros e até refugiados podem concorrer aos prêmios da Mega da Virada. Para isso, é necessário estar em situação legal no país, possuir CPF e documentação válida, como visto permanente ou carteira de estrangeiro. O prêmio é pago no Brasil, sem crédito em contas estrangeiras.
As apostas para a Mega da Virada se encerram às 20h do dia 31 de dezembro. Os jogos podem ser feitos nas casas lotéricas, pelo aplicativo das Loterias CAIXA, internet banking ou pelo portal oficial. A aposta simples custa R$ 6 e, para muitos imigrantes, representa mais do que uma chance matemática: é a possibilidade de realizar sonhos e reescrever a própria história.



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