CEO da Superbet avalia primeiro ano da regulação e alerta: estabilidade e combate ao ilegal são decisivos para o futuro do setor
Em entrevista exclusiva, o CEO da Superbet, Alexandre Fonseca, faz um balanço positivo, porém cauteloso, do primeiro ano da regulamentação das apostas no Brasil. Ele destaca avanços em compliance, segurança e arrecadação, mas alerta que o setor só se consolidará com regras estáveis, tributação equilibrada e ações mais efetivas contra o mercado ilegal, especialmente às vésperas da Copa do Mundo de 2026.
O primeiro ano da regulamentação das apostas esportivas e jogos online no Brasil marcou uma virada estrutural em um mercado que já existia, mas operava sem regras claras. Essa é a avaliação de Alexandre Fonseca, CEO da Superbet, ao analisar o período inicial do ambiente regulado. Segundo ele, o marco legal elevou significativamente os padrões de segurança, governança, prevenção à lavagem de dinheiro e responsabilidade com o jogador, além de gerar impacto relevante na arrecadação tributária.
Fonseca lembra que o Brasil já figura entre os cinco maiores mercados de apostas do mundo e que, apenas nos primeiros dez meses de 2025, a arrecadação com a tributação das bets alcançou R$ 8 bilhões, sendo R$ 1 bilhão somente em outubro. Para o executivo, esses números demonstram que a regulamentação organizou um setor robusto, criou previsibilidade e ampliou a proteção ao apostador. Ainda assim, ele ressalta que o processo está em fase de ajuste, exigindo consolidação de etapas, estabilidade regulatória e fortalecimento da fiscalização.
Após quase um ano de mercado regulado, Fonseca afirma que a principal dificuldade não está nas exigências em si, mas na necessidade de adaptação contínua a mudanças e ajustes normativos. Para ele, esse movimento faz parte da construção de um setor moderno, mas reforça a importância de regras claras e duradouras para permitir planejamento e investimentos. Nesse contexto, a Copa do Mundo de 2026 surge como um teste decisivo para o modelo brasileiro, pressionando operadores e reguladores por eficiência, segurança e capacidade operacional diante de um volume histórico de apostas.
Um dos temas mais sensíveis apontados pelo CEO é a discussão sobre a proibição de apostas por beneficiários de programas sociais, como o Bolsa Família e o Benefício de Prestação Continuada. Fonseca afirma que a Superbet é contrária ao uso de recursos de benefícios sociais para jogos, mas destaca a dificuldade prática de fiscalização, já que atualmente não existe mecanismo financeiro capaz de identificar a origem exata do dinheiro utilizado nas apostas. Segundo ele, o problema se agrava no mercado ilegal, que aceita qualquer tipo de recurso sem oferecer proteção ao usuário.
A atuação de plataformas não autorizadas, aliás, é apontada como um dos maiores riscos ao setor. Para os usuários, o mercado ilegal representa ausência de garantias de pagamento, falta de proteção de dados e inexistência de ferramentas de jogo responsável. Para os operadores licenciados, cria-se um cenário de concorrência desleal que prejudica investimentos e reduz a arrecadação pública. Fonseca defende que o combate a esse problema só será eficaz com ações coordenadas, como bloqueios técnicos, restrições a meios de pagamento, cooperação internacional e campanhas educativas.
Outro ponto de atenção é a ameaça de aumento da carga tributária. O executivo alerta que uma tributação excessiva ou imprevisível pode reduzir o número de operadores, limitar investimentos em tecnologia e segurança e empurrar usuários para o mercado clandestino. Para ele, o setor não se opõe a pagar impostos, mas precisa de previsibilidade para manter competitividade, inovação e sustentabilidade no médio e longo prazo.
O CEO também comenta o crescimento de loterias estaduais e municipais, afirmando que diferentes modelos podem coexistir, desde que haja coerência regulatória e clareza para o apostador sobre quais operadores seguem padrões rigorosos de compliance, auditoria e responsabilidade.
Olhando para o futuro, Fonseca vê a tecnologia, especialmente a inteligência artificial, como um dos principais vetores de transformação do setor. Segundo ele, a IA já começa a ser utilizada para análise de comportamento, identificação de padrões atípicos e sinais de vulnerabilidade, fortalecendo políticas de jogo responsável e proteção ao consumidor. Essa tendência deve se intensificar em 2026, alinhando inovação tecnológica a impacto social.
Por fim, o executivo reforça o papel estratégico do Brasil para o grupo Superbet. O país é tratado como prioridade global de investimento, inovação e expansão sustentável, com recursos significativos direcionados para tecnologia, ESG e jogo responsável. Para Fonseca, o mercado brasileiro não apenas impulsiona o crescimento da empresa, como também influencia sua atuação global, especialmente nas discussões sobre regulação, tecnologia e proteção ao usuário.



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