CEO da Superbet vê primeiro ano de regulamentação como avanço, mas alerta para riscos tributários e expansão do mercado ilegal
Em entrevista exclusiva ao BNLData, o CEO da Superbet, Alexandre Fonseca, apresentou um balanço otimista embora cauteloso sobre o primeiro ano de regulamentação das apostas esportivas e jogos online no Brasil. Para ele, o marco legal organizou um setor que já existia e rapidamente se tornou um dos maiores do mundo, elevando padrões de segurança, compliance e arrecadação. Mas a consolidação definitiva do mercado ainda depende de estabilidade regulatória e de um combate mais eficaz às operações clandestinas.
Fonseca lembrou que, somente em outubro, o governo arrecadou R$ 1 bilhão com a tributação das bets, acumulando R$ 8 bilhões nos dez primeiros meses de 2025. Segundo ele, o país chega pela primeira vez a uma Copa do Mundo com um ambiente regulado, o que aumenta a proteção ao apostador e traz previsibilidade aos operadores. Ainda assim, aponta que ajustes são necessários, sobretudo na estabilização de regras, no fortalecimento da fiscalização e na definição clara do modelo tributário.
O executivo demonstrou preocupação com a possibilidade de aumento da carga tributária, afirmando que reajustes abruptos poderiam inviabilizar empresas, reduzir investimentos em tecnologia e segurança, e empurrar parte dos usuários para o mercado ilegal. Ele também destacou a dificuldade técnica de impedir que beneficiários de programas sociais utilizem recursos para apostar, mesmo que a empresa seja contrária a esse uso. Para ele, apenas ações conjuntas como bloqueios técnicos, restrições a meios de pagamento e maior integração entre órgãos podem conter o avanço das plataformas clandestinas.
A proximidade da Copa do Mundo de 2026 foi citada como um divisor de águas para o modelo regulado. Fonseca acredita que o evento testará a capacidade das empresas de lidar com o maior volume de apostas da história, exigindo plataformas robustas, processos de compliance maduros e ferramentas de proteção ao usuário plenamente operacionais.
O CEO também reforçou o papel estratégico da tecnologia, especialmente a inteligência artificial, como vetor para ampliar segurança, detectar comportamentos de risco e apoiar políticas de jogo responsável. Segundo ele, a IA deve se tornar elemento central na experiência do usuário e na integridade das operações, alinhada à nova política de autoexclusão e outros mecanismos de prevenção.
Sobre o cenário competitivo, Fonseca afirmou que diferentes modelos nacionais, estaduais e municipais podem coexistir, desde que haja coerência regulatória e clareza para o apostador. No entanto, destacou que o mercado ilegal ainda representa ameaça significativa, criando riscos de não pagamento, ausência de suporte e falta de proteção de dados, além de distorcer a concorrência e comprometer a arrecadação pública.
Ao avaliar o futuro, ele apontou os principais desafios: estabilidade regulatória e tributária, combate mais efetivo às bets não autorizadas e fortalecimento da integridade esportiva. Para 2026, prevê um mercado mais profissionalizado, com aumento do investimento em tecnologia, expansão de ferramentas independentes de proteção como o BetBlocker, já integrado à Superbet e maior diferenciação entre operadores sérios e ilegais.
Fonseca encerrou destacando que o Brasil é hoje a prioridade global do grupo Superbet, que direcionou mais de 1,3 bilhão de euros para sua expansão no país. Para ele, o mercado brasileiro combina engajamento esportivo, maturidade digital e potencial de crescimento que consolidam a operação nacional como pilar estratégico e vitrine de inovação para todo o conglomerado.



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