“CPI das Apostas está mirando no alvo errado”, alerta advogado do setor de bets

Especialista critica foco das investigações e defende que empresas legalmente registradas estão sendo injustamente colocadas no centro do debate.

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga irregularidades nas apostas esportivas no Brasil está sendo duramente criticada por representantes do próprio setor. Para o advogado Leonardo Andreotti, especialista em Direito Desportivo e assessor jurídico de casas de apostas legalmente estabelecidas, o foco das investigações está equivocado e pode comprometer a credibilidade da regulamentação em curso.

Durante participação no seminário “Apostas Esportivas – Corrupção, Manipulação de Resultados e os Riscos à Integridade Esportiva”, promovido pela FGV Direito SP, Andreotti argumentou que a CPI deveria concentrar seus esforços em investigar as manipulações de resultados e a atuação de plataformas ilegais, e não em mirar empresas que atuam com sede no exterior, mas que já estão buscando adequação às normas brasileiras.

“A CPI está olhando para quem está visível e quer se regularizar, enquanto o verdadeiro risco está nas empresas que operam clandestinamente, sem qualquer controle ou compromisso com a integridade esportiva”, disse o advogado.

Andreotti também destacou que muitas casas de apostas estrangeiras já vêm adotando medidas para se adequar à legislação nacional e que a atuação dessas empresas é crucial para o fortalecimento do setor. Para ele, o discurso político que associa apostas esportivas à corrupção precisa ser mais cuidadoso e técnico, sob risco de prejudicar um mercado bilionário em ascensão.

O evento da FGV contou com especialistas de diversas áreas e debateu, entre outros temas, os riscos de manipulação no futebol, os desafios da fiscalização e a importância de um ambiente regulatório seguro para apostadores, operadores e o próprio esporte.

O advogado defende que o combate à corrupção deve existir, mas com foco cirúrgico. “É importante separar o joio do trigo. Temos operadores sérios que querem investir no Brasil, pagar impostos e operar de forma transparente. O problema é o mercado cinza, que ainda cresce sem qualquer tipo de regulação eficaz.”

No momento em que o Brasil avança na regulamentação das apostas esportivas, a escolha dos alvos da CPI pode definir o rumo do setor. Vai-se combater quem quer se legalizar ou quem continua operando nas sombras? Para o futuro das bets no país, essa diferença pode ser decisiva. E você, de que lado está nessa jogada?