Carregando agora

Legalização de cassinos pode reduzir problemas de jogo, aponta estudo internacional

Um editorial publicado pelo portal asiático Inside Asian Gaming trouxe à tona uma análise que desafia o senso comum: a legalização de cassinos regulamentados, em vez de aumentar os problemas de vício, pode contribuir para a redução do jogo problemático em sociedades onde antes predominava o mercado ilegal.

A reportagem, assinada por Ben Blaschke e intitulada “Uma verdade inconveniente”, destaca que opositores da legalização no Brasil — em grande parte ligados a grupos religiosos e conservadores — utilizam argumentos distorcidos para sustentar a tese de que a regulamentação ampliaria o comportamento patológico. Pesquisas científicas, no entanto, mostram o contrário.

Um estudo conduzido ao longo de duas décadas em Minnesota acompanhou 79 mil estudantes do ensino médio justamente durante o período de introdução dos cassinos legalizados no estado americano. Os resultados apontaram queda nas taxas de jogo juvenil, evidenciando que a regulamentação pode servir como ferramenta de proteção quando associada a educação e medidas preventivas.

O psiquiatra Dr. Marc Potenza e outros especialistas explicam que esse fenômeno está ligado à implementação de salvaguardas inexistentes em mercados ilegais. A indústria regulamentada dispõe de mecanismos de monitoramento, programas de apoio e políticas para identificar e auxiliar jogadores em risco, criando um ambiente mais seguro para os consumidores e para a sociedade.

Exemplos internacionais reforçam essa visão. Em Cingapura, a chegada dos cassinos foi acompanhada de um rigoroso sistema de proteções sociais. George Tanasijevich, ex-CEO da Marina Bay Sands, reconheceu que a redução do jogo problemático pode parecer contraintuitiva, mas que a indústria de cassinos é “a mais altamente regulamentada em termos de salvaguardas sociais”.

Na Austrália, por outro lado, a proibição de apostas esportivas online ao vivo teve efeito inverso ao esperado: jogadores migraram para plataformas offshore ilegais, menos seguras. Uma revisão do governo em 2016 já havia recomendado reconsiderar essa restrição.

Embora especialistas apontem que fatores culturais possam influenciar resultados em diferentes países, a evidência acumulada sugere que a regulamentação, quando baseada em políticas eficazes de prevenção e educação, protege mais do que a simples proibição.

Assim, estudiosos defendem que governos considerem abordagens regulatórias fundamentadas em dados concretos, em vez de manter narrativas que, ao restringirem o mercado legal, acabam fortalecendo opções não regulamentadas e mais nocivas para a população.

Publicar comentário

VOCÊ PODE TER PERDIDO