Pesquisa TIC revela que quase 30 milhões de brasileiros fizeram apostas online em 2025
O Brasil chegou a 85% da população conectada à internet em 2025, o equivalente a 157 milhões de pessoas. Entre esses usuários, 19% afirmaram ter realizado algum tipo de aposta online nos três meses anteriores à pesquisa TIC Domicílios, o que representa cerca de 30 milhões de brasileiros acima dos 10 anos. Os dados foram divulgados nesta terça-feira pelo Cetic.br.
Os números fazem parte da mais recente edição da pesquisa TIC Domicílios, realizada pelo Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br). O levantamento, que existe há 20 anos, mapeia o acesso e o uso das tecnologias da informação e comunicação no país. Nesta edição, foram entrevistados moradores de 27.177 domicílios, totalizando 24.535 pessoas, entre março e agosto de 2025.
Pela primeira vez, a pesquisa incluiu perguntas específicas sobre apostas online. Os resultados apontam diferenças significativas entre os gêneros. Entre os usuários de internet que apostaram nos três meses anteriores ao levantamento, 25% são homens, enquanto 14% são mulheres.
O detalhamento das modalidades mostra que 8% dos brasileiros participaram de cassinos online. Outros 7% pagaram para entrar em rifas digitais ou sorteios, mesmo percentual observado entre os que fizeram apostas esportivas em sites ou aplicativos, conhecidos como bets. Nesse último grupo, a diferença entre homens e mulheres é a mais acentuada: apenas 2% das mulheres relataram esse tipo de aposta, contra 12% dos homens. A pesquisa também identificou que 7% dos brasileiros fizeram apostas na loteria federal.
Para Renata Mielli, coordenadora do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), os dados acendem um sinal de alerta. Segundo ela, o país já conta com cerca de 30 milhões de pessoas que realizaram algum tipo de aposta online, um contingente expressivo que exige atenção do poder público. A avaliação é de que os resultados reforçam a necessidade de mecanismos regulatórios mais eficazes e de ampliação da educação digital, especialmente no que diz respeito aos riscos associados aos jogos e apostas pela internet.
O estudo também evidencia a expansão do acesso à internet nos lares brasileiros. Em 2025, 86% dos domicílios contavam com acesso à rede, um avanço significativo em relação aos 51% registrados dez anos atrás. Ainda assim, o país mantém um contingente relevante de pessoas desconectadas. Cerca de 28 milhões de brasileiros não utilizam a internet, grupo formado majoritariamente por pessoas com até o ensino fundamental, que se declaram pretas ou pardas e têm 60 anos ou mais.
Além das apostas online, a TIC Domicílios trouxe outros dados sobre o comportamento digital da população. O levantamento mostra que 75% dos brasileiros utilizaram o Pix para pagamentos ou transferências. Ao mesmo tempo, 39% afirmaram ter ficado sem pacote de dados no celular ao menos uma vez nos três meses anteriores à pesquisa, o que indica desafios de conectividade móvel. Outro dado relevante aponta que 56% acessaram, ou pediram para alguém acessar, a plataforma Gov.br para realizar serviços públicos.
O uso de inteligência artificial generativa também aparece com destaque. Segundo a pesquisa, 32% dos brasileiros utilizaram alguma ferramenta desse tipo. Entre eles, 84% recorreram à tecnologia para uso pessoal, 53% para estudos escolares e 50% para atividades profissionais. A IA generativa é a mesma tecnologia que deu origem a ferramentas como o ChatGPT, capazes de gerar textos, imagens, vídeos e outros conteúdos a partir da interação com o usuário.
Os resultados da TIC Domicílios 2025 mostram um Brasil cada vez mais conectado, mas também mais exposto a novos riscos no ambiente digital. O crescimento expressivo das apostas online, aliado à expansão do uso de meios de pagamento digitais e de inteligência artificial, reforça a importância de políticas públicas que conciliem inclusão digital, regulação eficaz e educação da população. O desafio, segundo os especialistas, é garantir que o avanço tecnológico venha acompanhado de proteção ao consumidor e redução de vulnerabilidades sociais.



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