Cambistas de apostas online: o lado sombrio do mercado que fatura com ilegalidade e risco a menores
Enquanto o setor de apostas cresce de forma acelerada no Brasil, um submundo paralelo de cambistas digitais movimenta milhões fora da lei — e preocupa autoridades.
Com o boom das apostas esportivas no Brasil, um mercado obscuro vem crescendo nas sombras: o dos cambistas de “bets”. Sem qualquer vínculo formal com plataformas licenciadas, esses intermediários movimentam milhões em operações ilegais, oferecendo acesso a apostas para quem não tem conta — inclusive menores de idade, o que levanta um sinal de alerta sobre os riscos dessa prática clandestina.
Esses cambistas atuam principalmente via WhatsApp, Instagram e Telegram, criando grupos de apostas e oferecendo “facilidade” para quem quer apostar sem se cadastrar ou comprovar idade. Na prática, funcionam como revendedores não autorizados, recebendo dinheiro por pix ou em espécie e repassando os palpites nas plataformas — às vezes usando suas próprias contas.
O esquema se torna ainda mais problemático quando o público-alvo são adolescentes e pessoas em situação de vulnerabilidade social, atraídas pela promessa de ganhar dinheiro rápido, sem burocracia. Com isso, o que deveria ser uma forma de entretenimento se transforma em um canal para exploração, endividamento e vício precoce.
Fontes do setor estimam que o mercado paralelo dos cambistas de bets movimenta milhões de reais por mês, sem pagar impostos, sem controle legal e longe de qualquer política de jogo responsável. A ausência de fiscalização rigorosa, somada ao atraso na implementação efetiva da regulação nacional, abre espaço para esse tipo de atuação.
Especialistas alertam que o problema vai além da ilegalidade financeira: estamos falando de uma atividade que fomenta o vício em jogos entre menores, escapa das ações de conscientização e prejudica diretamente a credibilidade de um mercado que tenta se profissionalizar. Sem CPF, sem limites de aposta, sem regras — e com risco elevado.
Enquanto isso, empresas sérias do setor e entidades como a IBIA (International Betting Integrity Association) reforçam a importância da regulamentação e de campanhas de proteção ao jogador. Mas, até que medidas mais duras sejam tomadas, o cenário segue vulnerável a práticas como essa.
Por trás das luzes e dos patrocínios que enchem os estádios, o mercado de apostas também enfrenta seus fantasmas. E quando cambistas se tornam ponte entre menores de idade e o jogo, a pergunta que ecoa é: quem vai apitar essa partida antes que ela saia totalmente do controle?
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